INTRODUÇÃO
Os gábros são uma das rochas ígneas intrusivas mais importantes, representando o equivalente de granulação grossa do basalto.
São rochas plutônicas que se formam em profundidade, cristalizando lentamente no interior da crosta terrestre a partir de magmas máficos.
A sua importância em geologia está não apenas na abundância dentro da crosta oceânica, mas também no papel que desempenham na compreensão dos processos magmáticos, da tectônica de placas e da exploração de recursos minerais.
Os gábros possuem grande relevância acadêmica, pois fornecem informações essenciais sobre a estrutura da litosfera oceânica, a diferenciação magmática e a evolução das províncias ígneas.
DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
Os gábros são rochas ígneas de granulação grossa (faneríticas), dominadas por minerais máficos.
Sua composição principal inclui plagioclásio cálcico (labradorita ou bytownita) e piroxênios (clinopiroxênio, como a augita, e às vezes ortopiroxênio).
Olivina e anfibólio também podem estar presentes, além de minerais acessórios como magnetita e ilmenita.
Sua textura é tipicamente holocristalina, e a cor varia entre verde-escuro e preto, dependendo da composição mineralógica.
FORMAÇÃO E CONTEXTO GEOLÓGICO
Os gábros se formam pelo arrefecimento lento e solidificação de magmas basálticos em profundidade, geralmente em corpos intrusivos como intrusões máficas estratificadas, lopólitos, diques e soleiras.
A ocorrência mais significativa de gábro encontra-se nas porções inferiores da crosta oceânica, sobretudo nas dorsais meso-oceânicas, onde nova crosta é formada.
Também são comuns em complexos ofiolíticos — fatias de crosta oceânica empurradas para os continentes — que fornecem excelentes oportunidades para estudo direto.
CARACTERÍSTICAS TEXTURAIS
A textura dos gábros é predominantemente fanerítica, com cristais visíveis a olho nu.
Os cristais interligados de plagioclásio e piroxênio geralmente apresentam formas subédricas a anédricas.
Em intrusões estratificadas, podem apresentar texturas cumuláticas, resultantes da acumulação de cristais por decantação gravitacional.
Esses gábros cumuláticos fornecem evidências de processos de diferenciação magmática, como a cristalização fracionada.
CLASSIFICAÇÃO DOS GÁBROS
Os gábros podem ser subdivididos em diferentes variedades, dependendo da composição mineral:
Gabro olivínico: contém olivina abundante, além de plagioclásio e piroxênio.
Troctólito: dominado por plagioclásio e olivina, com pouco ou nenhum piroxênio.
Norito: apresenta ortopiroxênio em vez de clinopiroxênio.
Gabro anortosítico: enriquecido em plagioclásio feldspático.
Estas variações são importantes para compreender a sequência de cristalização dos magmas máficos.
CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS
Do ponto de vista geoquímico, os gábros apresentam baixo teor de sílica (45 a 52% em peso de SiO₂) e altos teores de magnésio, ferro e cálcio. Pertencem ao conjunto das rochas máficas e possuem composição semelhante ao basalto.
A geoquímica de elementos maiores reflete geralmente a composição do magma parental, enquanto os elementos-traço revelam processos como fusão parcial, assimilação e cristalização fracionada.
SIGNIFICADO TECTÔNICO
Os gábros são fundamentais para a compreensão dos processos tectônicos.
Sua abundância na crosta oceânica os torna essenciais para o entendimento da estrutura das dorsais meso-oceânicas e da litosfera oceânica. Complexos ofiolíticos que contêm seções gabróicas fornecem evidências diretas da expansão do fundo oceânico e da arquitetura da crosta oceânica. Além disso, intrusões de gábro em margens continentais podem estar associadas a grandes províncias ígneas e magmatismo relacionado a riftes.
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E APLICAÇÕES PRÁTICAS
Os gábros possuem grande relevância econômica.
Em intrusões máficas estratificadas, podem concentrar importantes depósitos minerais resultantes de segregação magmática, como cromita, magnetita, ilmenita, elementos do grupo da platina (EGP) e minérios de níquel-cobre sulfetados.
Exemplos notáveis incluem o Complexo Bushveld (África do Sul) e o Complexo Stillwater (EUA).
Na engenharia civil e construção, o gábro é utilizado como pedra de cantaria e brita devido à sua resistência e durabilidade, sendo aplicado em estradas, lastros ferroviários e até como pedra ornamental em edifícios e monumentos.
Na indústria moderna, suas propriedades geofísicas são relevantes para interpretar velocidades sísmicas na crosta e auxiliar em explorações geofísicas.