INTRODUÇÃO
A Petrologia Metamórfica é o ramo da Geologia dedicado ao estudo das rochas que sofreram transformações em resposta a variações de temperatura, pressão e ambientes químicos.
Entre as classificações mais importantes das rochas metamórficas encontram-se as fácies metamórficas, que representam conjuntos de associações minerais estáveis em determinados intervalos de pressão e temperatura.
As fácies blueschist e greenschist são duas categorias fundamentais, formadas em contextos tectônicos distintos, desempenhando papel essencial na reconstituição da história geológica de cinturões orogênicos, zonas de subducção e margens continentais antigas.
A compreensão dessas fácies fornece informações valiosas sobre a dinâmica da litosfera, a evolução da tectônica de placas e os processos de reciclagem da crosta terrestre.
CONCEITO DE FÁCIES METAMÓRFICAS
Uma fácies metamórfica corresponde a um conjunto de associações minerais formadas sob condições específicas de pressão e temperatura em ambientes químicos característicos.
O conceito foi introduzido por Pentti Eskola, no início do século XX, e até hoje constitui um dos pilares da Petrologia Metamórfica.
As fácies blueschist e greenschist são particularmente importantes, pois refletem condições contrastantes: a primeira desenvolve-se sob altas pressões e baixas temperaturas, enquanto a segunda ocorre em pressões e temperaturas moderadas.
FÁCIES GREENSCHIST( Xisto verde)
A fácies greenschist representa o baixo grau do metamorfismo regional, formando-se em condições aproximadas de 300 a 450 °C e 2 a 10 kbar. É caracterizada pelo predomínio de minerais de cor esverdeada, como clorita, actinolita e epidoto, que lhe conferem o nome. Também são comuns o feldspato plagioclásio e o quartzo.
Essas rochas têm como protólitos típicos os basaltos, mas também podem derivar de rochas sedimentares ou ultramáficas.
Características marcantes incluem a foliação xistosa ou ardosiana, o crescimento de porfiroblastos (como granada, em alguns casos), e assembléias minerais que indicam condições de pressão e temperatura intermediárias. Estão geralmente associadas a cinturões orogênicos, resultantes de colisões tectônicas e espessamento crustal.
FÁCIES BLUESCHIST( Xisto azul)
A fácies blueschist forma-se em condições de altas pressões e baixas temperaturas, variando entre 200 a 500 °C e 6 a 18 kbar.
O nome deriva do anfibólio azul glaucofânio, mineral característico dessa associação. Outros minerais comuns incluem lawsonita, jadeíta, aragonita e epidoto.
Sua formação exige pressões elevadas em temperaturas relativamente baixas, condições típicas de zonas de subducção, onde a crosta oceânica é empurrada rapidamente para o manto antes de sofrer aquecimento significativo.
A presença de rochas blueschist constitui um indicador inequívoco de subducção antiga, sendo essencial para confirmar o papel da tectônica de placas na evolução da crosta terrestre.
No entanto, são relativamente raras, pois requerem ambientes tectônicos muito específicos e, muitas vezes, sofrem retrogressão para a fácies greenschist ou eclogito durante o processo de exumação.
COMPARAÇÃO ENTRE FÁCIES GREENSCHIST E BLUESCHIST
Greenschist( Xisto verde): reflete condições de metamorfismo crustal relativamente raso, em contextos com gradientes geotérmicos elevados. Blueschist( Xisto azul): indica metamorfismo em subducção, com gradientes geotérmicos baixos.
Enquanto as rochas greenschist são comuns em cinturões montanhosos antigos, as blueschist são raras e geralmente bem preservadas apenas em terrenos tectônicos específicos.
APLICAÇÕES PRÁTICAS
Exploração Mineral → Fácies greenschist ( Xisto verde) hospeda depósitos de ouro, cobre e sulfetos, especialmente em greenstone belts (Canadá, Austrália, África do Sul).
Reconstrução Tectônica → Fácies blueschist ( Xisto azul) é essencial para identificar subducções antigas e modelar margens convergentes.
Engenharia Geológica → Conhecer as propriedades dessas rochas é crucial em obras de túneis, barragens e estabilidade de encostas em regiões tectonicamente ativas.